Tenho andado a pensar nos últimos dias: estamos a menos de um mês das férias do primeiro "semestre" (assim se subdivide o ano académico) e na verdade, tendo as aulas começado a sério no final da primeira semana do início do ano lectivo - dia 19 de Setembro, portanto - contamos apenas com três meses de aulas (e não seis, ao contrário do que a dita designação sugere), posto o que ficamos por nossa conta e risco até ao dia dos exames de Janeiro.
Não sei o que se passa nos outros cursos mas no curso de Direito são milhares de páginas de dezenas de livros de doutrina, cada um a rondar as seiscentas/setecentas páginas, mais os códigos e outra legislação bem como acórdãos e pesquisas da Internet.
Tudo isto envolve um esforço sobre-humano por parte dos alunos porque não basta ler e entender o que se lê; o mais importante e difícil é Compreender pois Compreender é Explicar e para explicar é preciso saber relacionar todas as matérias, comparar as doutrinas divergentes, saber as que mais influenciam os técnicos.
Ora uma das formas mais fáceis, no meu humilde entender, para se conseguir este desiderato, é falar sobre as matérias, discuti-las. E o que eu tenho observado é espantoso:
Nas aulas os alunos não falam, parece que temem os professores, têm vergonha de errar, como se fosse um desprestígio um aluno que entrou na Faculdade de Direito da Universidade do Porto com 18 ou 19 valores e tal proferir uma observação errada ou perguntar algo que aparentemente todos sabem e que portanto será ridículo ele perguntar.
Também observei algumas vezes alunos a decorar lenga-lengas intermináveis com uma devoção fervorosa e quando eu perguntava se estavam a preparar a exposição oral para a aula de História do Direito recebia como resposta que não, que se tratava de algo mais sério, tratava-se das lenga-lengas que tinham que rezar nas sessões de Praxe. (não posso pronunciar-me do conteúdo porque não vi nem tão pouco estou a criticar a comissão de Praxe nem nada que se pareça - nessa matéria não me meto). O que acho espantoso é que os alunos não partilhem com o mesmo fervor as matéria do curso como o fazem com as lenga-lengas impostas pela comissão de Praxe.
Nos Blogues que se lêem por aí, salvo raras excepções, não se vêm ideias próprias, vêm-se reproduções de notícias que todos os órgãos de comunicação social reproduzem e que não trazem nada de novo. Ou então limitam-se a criticar gratuitamente as políticas vigentes pois que é fácil dar vergastadas nas costas de um trabalhador quando este está vergado a executar o seu trabalho e com as costas expostas ao vicioso. Pegar na ferramenta e trabalhar, é que é duro.
Não sei o que se passa nos outros cursos mas no curso de Direito são milhares de páginas de dezenas de livros de doutrina, cada um a rondar as seiscentas/setecentas páginas, mais os códigos e outra legislação bem como acórdãos e pesquisas da Internet.
Tudo isto envolve um esforço sobre-humano por parte dos alunos porque não basta ler e entender o que se lê; o mais importante e difícil é Compreender pois Compreender é Explicar e para explicar é preciso saber relacionar todas as matérias, comparar as doutrinas divergentes, saber as que mais influenciam os técnicos.
Ora uma das formas mais fáceis, no meu humilde entender, para se conseguir este desiderato, é falar sobre as matérias, discuti-las. E o que eu tenho observado é espantoso:
Nas aulas os alunos não falam, parece que temem os professores, têm vergonha de errar, como se fosse um desprestígio um aluno que entrou na Faculdade de Direito da Universidade do Porto com 18 ou 19 valores e tal proferir uma observação errada ou perguntar algo que aparentemente todos sabem e que portanto será ridículo ele perguntar.
Também observei algumas vezes alunos a decorar lenga-lengas intermináveis com uma devoção fervorosa e quando eu perguntava se estavam a preparar a exposição oral para a aula de História do Direito recebia como resposta que não, que se tratava de algo mais sério, tratava-se das lenga-lengas que tinham que rezar nas sessões de Praxe. (não posso pronunciar-me do conteúdo porque não vi nem tão pouco estou a criticar a comissão de Praxe nem nada que se pareça - nessa matéria não me meto). O que acho espantoso é que os alunos não partilhem com o mesmo fervor as matéria do curso como o fazem com as lenga-lengas impostas pela comissão de Praxe.
Nos Blogues que se lêem por aí, salvo raras excepções, não se vêm ideias próprias, vêm-se reproduções de notícias que todos os órgãos de comunicação social reproduzem e que não trazem nada de novo. Ou então limitam-se a criticar gratuitamente as políticas vigentes pois que é fácil dar vergastadas nas costas de um trabalhador quando este está vergado a executar o seu trabalho e com as costas expostas ao vicioso. Pegar na ferramenta e trabalhar, é que é duro.
Eu costumo dar como exemplo as anedotas:
Quando nos contam uma anedota que nos faz rebolar a rir (LOL/ROTFL), a tendência que temos é contá-la logo a seguir, e contamo-la tantas vezes que nunca mais nos esquecemos dela, nem que passem cinquenta anos.
No entanto, se essa anedota não for reproduzida (ou por falta de assistência ou por falta de jeito ou simplesmente por vergonha/timidez) o que acontece é que, um dia, ocorrendo a oportunidade certa para a contarmos, pois calha em contexto e serviria na perfeição para ilustrar uma conversa, acontece que não nos lembramos dela. E isso acontece porquê? Porque não a contámos logo que a ouvimos. Esqueceu. Apagou-se. Restam vagos fragmentos!...
O mesmo acontece com as matérias de estudo. Se os alunos criassem o bom hábito de conversar nas horas livres sobre as matérias seguramente as memorizavam e consolidavam os seus conhecimentos. Mais, partilhando ideias, e ate porque as doutrinas são várias, como disse e todos sabem, enquanto um anda a ler um livro correspondente a uma determinada doutrina seria interessante discutir com um colega que por acaso anda a ler outro de doutrina contrária.
Enfim. Fica a minha preocupação.
Como é hábito haver sempre interpretações diversas sobre o que se lê, acrescento que este texto não sendo livre de críticas, tem como único objectivo alertar os meus prezados colegas para a importância do debate na consolidação de conhecimentos. É óbvio que esse debate deve ser sempre fundamentado pois que o debate não fundamentado é puro desperdício de energias.
O objectivo último (e primeiro também) deste texto é o de revelar a Importância do Debate Fundamentado. Para tal é necessário Compreender para Explicar!
Pensem nisso.
3 comentários:
Oi!!!!
Realmente, é cruel isto de nos deixarem sozinhos a meio do semestre - só nós e os nossos assustadoramente longos livros...
Queria aqui, por isso, deixar uma palavra de esperança para aqueles que, como eu, acreditam que o tempo não vai chegar para ler os singelos milhares de páginas que nos são exigidos - imagine-se - apenas como núcleo mínimo para cada disciplina...
Mas tentem pensar assim: no final do curso, cada um de nós terá já lido mais do que dezenas de outros quaisquer licenciados juntos!!!
E essa proeza já ninguém nos tira!!!
:)
Olá
Mas é precisamente essa a (boa) ideia.
A Universidade vai dar uma "Licenciatura"... que significa licença para estudar sozinho. Entretanto, não se deve ter excessiva ajuda (papinha feita). Isso é próprio do ensino primário, elementar... Já no ensino secundário a liberdade, a individualidade e a procura e autonomia de cada estudante deveriam ter sido cultivadas. Precisamente o importante na Universidade, neste aspecto, é a possibilidade de estudar sozinho, dando os professores apenas as grandes linhas, as regras do jogo, etc. Senão, era uma escolinha. Nada mais.
Depois, os tempos lectivos. Claro que os semestres têm de ser "pequenos". Porque eles não são só o tempo de aulas, mas o (tão importante quanto eles) tempo de preparação com os tais livros - outros tantos professores. Se não houver tempos sem aulas, com tantas aulas que há, quando se estuda?
É preciso tempo para as coisas. E apropriação individual das matérias pelos estudantes. Tempo de convívio directo com as fontes. Tempo de discussão entre os alunos...
Desejo a todos bom trabalho e boa sorte. E parabéns pelo blog.
Paulo Ferreira da Cunha
Esta é uma daquelas situações em que parece que as ideias nos fogem todas; que nenhuma expressão nos ocorre que seja suficientemente válida para expressar o que nos vai na alma. Opto, então, pela mais simples que me ocorre para expressar a minha enorme satisfação pela tão ilustre visita “nesta casa” do nosso caríssimo professor de Direito Constitucional, Professor Paulo Ferreira da Cunha. Muito obrigado Senhor Professor.
Quanto às observações que faz sobre o tema em apreço não poderia estar mais de acordo com o Senhor Professor. Se o ensino secundário, que é actualmente de três anos (tantos quantos os necessários para fazer uma licenciatura na maioria dos cursos universitários – muito tempo, portanto), preparasse os alunos para a realidade do mundo académico muito provavelmente esta minha observação não teria ocorrido… por falta de objecto.
Mas julgo que alguns efeitos produziu, pois tenho verificado nos últimos dias (e perdoe-se-me a presunção, pois sei que não se deve descurar a coincidência), um crescendo de interesse e animação na troca de ideias sobre as matérias das cadeiras, principalmente das que têm testes marcados para esta semana e a próxima, bem como dos trabalhos de grupo (onde se incluem os trabalhos de Direito Constitucional que têm suscitado uma troca de ideias sem precedente – talvez pela pertinência dos temas – inclusivamente entre alunos das três turmas das aulas práticas entre si).
Por último, a minha preocupação maior é ser merecedor de frequentar esta casa de culto da Excelência que é a Universidade. Se não conseguir tirar o máximo partido dessa prerrogativa que me é concedida que seja por mera limitação de ordem física (intelectual, entenda-se) e não por falta de querer e de trabalho. Por estes tombarei no campo de batalha.
Mais uma vez muito obrigado pela sua visita e participação e esperamos todos contar com a sua simpática e sábia colaboração muitas mais vezes…
Destaco e reproduzo as últimas palavras do Professor Paulo Ferreira da Cunha pois sintetizam o meu pensamento e poderiam substituir completamente todo o meu extenso texto:
«É preciso tempo para as coisas. E apropriação individual das matérias pelos estudantes. Tempo de convívio directo com as fontes. Tempo de discussão entre os alunos...»
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