domingo, 2 de novembro de 2008

Mentes perigosas...

(Aqui estou eu – talvez tarde, mas empenhada – na minha primeira participação como co-autora deste blog. Para quem não gostar, faço já saber que se aceitam todo o tipo de reclamações…)

A mente humana é, como sabemos, permeável a todo o tipo de influências, tornando-nos capazes de aprender e, consequentemente, de sobreviver como indivíduos e como espécie. Porém, há um limite que, neste processo, não deve ser ultrapassado, sob pena de pôr em risco até a humanidade que existe dentro de cada um de nós.

Falava-se, ainda há poucos dias, numa aula do curso de Direito, do nazismo. A propósito deste assunto, não será, certamente, necessário recordar ninguém dos horrores vividos por judeus, ciganos e membros de outras minorias em pleno holocausto; porém, é importante tentar perceber o que esteve na origem de tal comportamento.

Embora nos pareça (ou não) difícil de acreditar, a grande maioria dos membros das SA e das SS, seguindo o pensamento de Hitler e do seu núcleo governativo mais próximo, acreditava piamente na necessidade de purificar a raça ariana e de criar uma Grande Alemanha que vingasse as humilhações sofridas após a 1ª Grande Guerra. Para disseminar tal sentimento, foi apenas necessário apelar ao orgulho ferido dos alemães, bombardeá-los uma e outra vez com a ideologia do partido… e esperar que a mente humana fizesse o resto, absorvendo as teorias mais insustentáveis e desenvolvendo crenças que, ainda hoje, nos repugnam.

Presentemente, este processo mantém-se (embora de forma mais camuflada e restritiva), pelo que continuam a existir bombistas suicidas em nome do “bem comum” e soldados dispostos a morrer “pela Pátria”.

Não quero, com estes exemplos, ferir susceptibilidades – cada um acredita naquilo que achar melhor – mas vejo neles uma clara demonstração dos perigos e, sobretudo, da vulnerabilidade da mente humana. É bom que não nos esqueçamos que tudo o que aprendemos nos torna pessoas diferentes, mas não forçosamente melhores. Por isso, mais vale parar para pensar… e não deixar que pensem por nós.

3 comentários:

Filipa Campos disse...

Parabéns Catarina! Bem-vinda "ao clube" e graças pela tua intervenção!

Pensar pela nossa cabeça é, com certeza, se não a melhor, uma das melhores maneiras de nos protegermos a nós próprios dos ataques torreristas de ideias completamente desprovidas e que só fazem sentido na cabeça de pessoas débeis.
Mas, infelizmente, não é só de ideias absurdamente estúpidas que nos temos de proteger (até porque contra esse tipo de ideias já estamos, uns mais do que outros, vacinados)... Nos dias que correm é importante que nos preocupemos em construir o nosso próprio mundo e as nossas próprias ideias, não nos podemos deixar influênciar pelos outros, por ideias vendidas e vulgares... Poque CADA UM DE NÓS É UM TESOURO ÚICO E IRREPETÍVEL, as nossas ideias são apenas e só a reresentação disso.
Portanto, PENSEMOS PELA NOSSA CABEÇA.

Luís Paulo (Estudante de Direito) disse...

Catarina,

Conseguiste com as tuas palavras provocar um enorme congestionamento de ideias neste meu cérebro já de si agitado.

Sinceramente, adoro textos assim… abertos, não fechados, isto é, textos que problematizam, levantam questões; sugerem não impõem; interrogam não respondem; alertam não prescrevem... enfim, cada pessoa que ler o teu texto terá possibilidade de desenvolver uma multiplicidade de temáticas, sejam elas históricas, políticas, sociológicas, morais, éticas, jurídicas… filosóficas até!

Sobre o tema central apenas alguns apontamentos:
1 – Julgo que era Heródoto quem afirmava e Mussolini subscrevia: – É mais fácil convencer uma multidão do que um só indivíduo;
2 – Um sistema jurídico sem direitos fundamentais tende a ser ditatorial transformando-se no oposto do que deveria ser, numa imitação grotesca ao serviço dos tiranos. Um sistema que tenha meramente as características formais do Direito não será necessariamente um sistema jurídico. Daí que o sistema pseudo-jurídico Nazi possa ser classificado de “uma aberração”.
3 – Dizia um pensador: “eis que somos levados a crer que, para que um sistema normativo se possa chamar de direito é importante que ele tenha fundamentos jurídicos: eis a importância dos direitos fundamentais, eles são a base dos sistemas normativos correctamente chamados de Direito.”
4 – O contexto socio-económico e político faz o resto (qualquer um de vós sabe muito mais de História do que eu, é só recordar).

Como nota final:
Para conseguirmos integrar uma multidão sem ceder ao histerismo ou delírio colectivo, à alienação da nossa vontade; para que possamos resistir ao efeito alucinogénico do discurso propagandístico que incita a multidão, massa amorfa destituída de vontade individual, é necessário, no meu entender estarmos munidos de uma arma poderosíssima essencial: a cultura, que nos dota de um espírito crítico esclarecedor.

Parabéns pela tua estreia!

catarina disse...

Antes de mais, obrigada aos dois pelos comentários...

É sempre bom saber que há quem pense como nós (mas cada um pela sua cabeça!!!) e, sobretudo, que aquilo que dizemos ou escrevemos desperta nos outros uma multiplicidade de novas ideias.

Fico à espera de vê-las concretizadas em texto... para que este nosso blog se torne num verdadeiro "portal de conhecimento!!!"