terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Bom ou Mau?

Ser mais.


É este o verdadeiro e último propósito de qualquer pobre mortal: ser um pouco mais do que os outros, chegar onde ainda ninguém chegou, dizer o que ainda ninguém disse.


Por isso, gostamos de nos “cultivar”, de crescer, de aprender.


Por isso, dispomos (ou impomos) as nossas opiniões, fazemos valer os nossos pontos de vista, alertamos quem nos rodeia para os perigos que, aos nossos olhos, o mundo lhes reserva.



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Gostamos”, “dispomos”, “fazemos”… “os nossos”, “quem nos rodeia”…
- Será impressão minha, ou vejo aqui um certo egoísmo???


Pois é… parece que nos está no sangue. Mas, também, quem disse que ser egoísta era mau? Se calhar, não foi ninguém – ou, pelo menos, ninguém que eu me lembre. Se calhar, ser egoísta até tem o seu lado positivo – afinal, faz parte do nosso modo de vida, dos nossos objectivos…


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Lançada a controvérsia, abro aqui o tema para discussão:


Será o egoísmo um vício da Humanidade… ou um meio de sobrevivência pela auto-valorização???


Quem tiver algo a dizer, que diga… e não seja egoísta, guardando o que sabe só para si! :)

3 comentários:

Filipa Campos disse...

Olá Kika!

Bem, não dá para não responder ao teu incentivo!

Ser egoísta, acima de tudo, é ser altruísta!
Sim... porque quem não gosta de si mesmo, quem não acredita em si, quem não valoriza a sua vida ou quem não consegue fazer-se feliz... muito dificilmente (digo mesmo que será impossível) dar isso a outrem! Para fazermos os outros felizes, para lhe darmos alegrias, para vivermos e convivermos precisamos de gostar de nós próprios!

Vício? Quem diz que um vício necessita de ser um “cancro maligno”? Penso que sim, se todos forem egoístas é bom! Mas só podemos sê-lo se também o formos para o bem do próximo: amaro-nos para aprender a amar quem nos rodeia!

Deixar algo diferente… Ninguém de nós gosta de ser mais um! Quem é que prefere ser um simples número na ordem alfabética ou na ordem de chegada a ser chamado pelo nome? Não ficamos todos contentes quando alguém já sabe o nosso nome e di-lo, substituindo o “senhor/a” e “você”? Acho que sim! E acho também que, mais do que um sonho, um direito ou uma “permissão para fazer”, todos devemos (todos temos o dever) de deixar a nossa marca, deixa-la na medida das nossas capacidades e vontades, claro – mas deixá-la!

Quantas mais contribuições positivas cada um de nós quiser e fizer por deixar, melhor vai ser o mundo… talvez mais conhecimento deixaremos aos vindouros…

Pois… É isto que eu acho – é assim que tento viver: ser egoísta para amar os meus vizinhos e fazer o meu melhor para enriquecer o futuro.

Parabéns, Catarina! :-)

Luís Paulo (Estudante de Direito) disse...

Catarina,

Uma vez mais trazes a terreiro um tema de ampla abrangência que merecia uma participação massiva já que se trata de um problema que afecta a todos.

Infelizmente o Blogue não tem a divulgação necessária para tal (já que não me empenhei até ao momento em lhe fazer uma promoção generalizada. Limito-me a falar dele aos poucos com quem vou conversando). Não se trata de egoísmo dos colegas, pois (talvez meu).

Quanto à tua questão. De facto o egoísmo é um sentimento cuja definição proposta pela generalidade dos dicionários seria rejeitara por grande percentagem da população mundial (amor próprio excessivo, que leva o indivíduo a olhar unicamente para os seus interesses em detrimento dos alheios).

Mas, como sugeres, também pode ser "um meio de sobrevivência pela auto-valorização" pois assim dizem os dicionários tratar-se de "conjunto de propensões ou instintos que levam à conservação do indivíduo".

Estas duas definições são portas abertas que permitem a fuga em sentidos opostos sendo sempre possível escolher aquela que nos está mais acessível (esta última parece-me aquela por onde tentará sair mais povo).

Quanto a saber se o egoísmo é bom ou é mau. Depende, uma vez mais, da perspectiva. A meu ver é que a longo prazo ele se revelará ser muito mau. Por exemplo, quem se habitua a ter sempre tudo a seu contento não suporta ver-se-lhe suprimido qualquer direito, prerrogativa ou propriedade; aquele que tem por hábito contentar-se com pouco ou com o mínimo, rejubila com cada mínimo que acrescenta ao seu pecúlio.

Agora que me pronunciei (ao de leve) sobre a tua questão final, vou retomar a tua afirmação inicial, pois acho que é tão digna de comentário como aquela.

Dizes: “Ser mais.” E de seguida defines: “É este o verdadeiro e último propósito de qualquer pobre mortal: ser um pouco mais do que os outros, chegar onde ainda ninguém chegou, dizer o que ainda ninguém disse.”

Sobre esta matéria tenho a dizer o seguinte: é dever de todo o ser humano o Dever da Perfectibilidade, isto é, o dever de tentar fazer sempre um pouco melhor do que o que já conseguiu até ao momento. Sendo que o Homem vive em sociedade é normal que a referência passe a ser o que o outro fez e não já o que ele próprio fez.

Até aqui nada de novo, se esta dinâmica for consumada dentro do respeito pelo outro e por si próprio, ou seja, dentro das regras da sã convivência. Infelizmente hoje é completamente impossível cada um definir as regras pelas quais se vai pautar. A sociedade impões-se-nos e quando pensamos que agimos estamos enganados, apenas re-agimos.

Somos cada vez mais heterónomos e menos autónomos!

O problema coloca-se ao nível do DESREGRAMENTO. Todos os sentimentos, quaisquer que sejam, se são humanos são bons se usados com regra, sem catalisadores. E todos nós sabemos quantos e quão potentes são os catalisadores sociais que existem actualmente.

Eu sou dos que acreditam que o Homem está a testar todas as suas capacidades até ao limite. Uma vez perscrutado todo o horizonte mais negro, regressará tranquilamente às origens, isto é, ao Jardim do Éden: ao mundo do Belo de da Amizade.

P.S.: Alonguei-me demasiado e acabei por não falar numa questão que a Filipa abordou que se prende com o Altruísmo. Talvez volte a este tema mais tarde mas aqui deixo a reflexão:

Não será o Altruísmo uma forma encapotada de Egoísmo. Um dia numa resposta a um comentário no meu outro Blogue escrevi algo do género que depois não concluí: «se ao egoísmo opusermos altruísmo e se daqui enveredarmos pelos caminhos da satisfação pessoal que, imperiosamente, nos fará passar pelos domínios (quasi) insondáveis da motivação intelectual (ou sensual?) do altruísta e, uma vez lá chegados, constatarmos que o prazer deste advém do prazer proporcionado aos outros (desinteressadamente?), verificamos que egoísmo e altruísmo são faces da mesma moeda.»

Vamos ver se algum atrevido nos responde a esta dúvida :-)

Filipa Campos disse...

Olá!

Mais uma vez me senti tentada a abordar a problemática do altruísmo versus egoísmo... O Luís deixou aqui ficar uma mensagem muito peculiar e que nos deveria fazer pensar: "Não será o Altruísmo uma forma encapotada de Egoísmo."

Bem, a minha resposta é esta: talvez. Sim porque o altruísmo pode tornar as pessoas tão dependentes dos outros ao ponto de só se servirem dele para o seu próprio bem. E não, porque para alguém ser altruísta tem de passar pela ponte do egoísmo.

Portanto, como tudo na vida, as relações humanas têm de ter conta, peso e medida certos e, assim, temos é de ser equilibrados e saber rechear as nossas relações com quantidades certas de egoísmo e altruísmo.

O que posso aqui perguntar-vos, caros colegas, é o seguinte: nesse tão delicado cozinhado, em que quantidade se deverá colocar um e outro ingrediente?