sexta-feira, 9 de janeiro de 2009


Parabéns e Obrigada,
Começo por saudar os colegas, e a ti principalmente, Luís, pelo fantástico trabalho que têm aqui realizado. Conseguem mostrar que o espírito universitário pode ser resgatado das teias de competição desenfreada que os actuais paradigmas anarco-capitalistas nos apresentam… Cidadania, altruísmo, espírito crítico, criatividade, talento, assim caracterizaria este projecto. Projecto, que tal como a República, ( como diria o nosso professor Paulo Ferreira da Cunha) está em permanente construção e requer a participação de todos. Deixo-vos aqui o meu contributo, um devaneio, misto de sonho e de angústia, típicos de alguém que conhece um mundo novo, simultaneamente fascinante e assustador…

Procuro na realidade jurídica envolvente uma confluência, uma convergência, uma qualquer proximidade, uma semelhança ainda que pontual, um ponto de comparação ou alguma possibilidade de analogia com a constituição material que há em mim; um ponto de equilíbrio que confira algo de normatividade a esta felicidade meramente semântica; uma língua de fogo mais ou menos transcendente transformadora deste misticismo mórbido em ingénua utopia; uma hermenêutica apaixonada, geradora de interpretações minhas, reflexos de paraísos além da bíblia ou alcorão, ultrapassados em forma e conteúdo; uma privatização dos sentidos públicos fomentadora da apreensão consolidação do seu carácter público; uma consubstanciação consuetudinária dum sistema neuronal jurídico formalmente comprometido; um recurso sem retorno à ordem superior da consciência que declare a perpétua pena de amor ao Direito e à Equidade, e de serviço à Justiça, inflexível perante as fraquezas do corpo e da alma; uma venda que me impeça de hesitar no meu projecto, de ponderar percursos alternativos ao meu caminho; uma espada para a cortar, quando as assombrações “hesitatórias” se tenham dissipado; uma balança para, chegado o fim do caminho, perceber como foi compensatório o sacrifício, dado o custo de oportunidade final; umas vestes simples, rasgadas, para sempre recordar como foi árduo o percurso e como devo sorrir à realidade dura que com as mãos calejadas estarei apta a moldar. Então, a minha obra será arte e a justiça, ninfa inspiradora da criação.

2 comentários:

Luís Paulo (Estudante de Direito) disse...

Olá Ângela!

Que bom que decidiste finalmente juntar-te à nossa "família". Sabes que não minto ao dizer-te que estou muito feliz, mesmo muito feliz, por essa decisão!

De resto as tuas palavras falam por si. E falam por mim, também, e melhor do que eu conseguiria exprimir. Elas explicam porque razão eu insistia tanto para que nos acompanhasses nesta viagem. Como poderia eu deixar que todo esse talento permanecesse escondido do Mundo?! Não podia...

O que nos ofereces hoje aqui é uma belíssima poesia autobiográfica do mais elevado recorte artístico-literário! Com recurso a vocabulário e expressões próprios das matérias aprendidas no estudo das cadeiras, com incidência no Direito Constitucional (por razões óbvias e variadas) mas sem esquecer o Custo de Oportunidade da nossa Economia Política, enriqueceste o teu texto criando uma belíssima Imagem literária a que nenhuma alma sensível (e menos sensível, diria) conseguirá ficar indiferente!

Muitos parabéns Ângela. À conta deste teu texto vou agora pegar nos manuais de DIP (Direito Internacional Público, para quem de fora ler este texto) como se de livros de poesia se tratasse, tal o estado de ânimo em que me deixaste.

Beijinhos,
Obrigado!

Sarah* disse...

Olá Ângela*

Muitos Parabéns por este texto magnífico...

Como refere o nosso colega Luís este texto, de uma beleza tal, dá-nos um ânimo, uma vontade d continuar, de progredir, de não hesitar….
E falo-o com conhecimento de causa, pois vagueio por esta demanda que não sei se será certamente a minha….. Mas encontro, nestas tuas palavras sábias algum alívio, que se traduz numa força de vontade mais vasta para que, tal como referes “ chegado o fim do caminho, perceber como foi compensatório o sacrifício”

Bjinhuh *