É a crise, dizem todos!... A famigerada crise é assunto recorrente que tudo justifica, até a malícia (ou má-fé) mal disfarça dos falsos modestos.
Mas o que é a crise, afinal?! Não é uma "coisa", não é uma organização nem tão pouco uma pessoa ou colectividade. A crise é tão só um estado, uma situação ou um ponto de viragem, de mudança. E porque não dizer que a crise é adubo, fertilizante?!...
Quando falamos de crise, falamos de economia e de crise económica. Tomemos a economia como um daqueles carrinhos de pilhas que já foram noutros tempos os brinquedos mais sofisticados que os rapazes aguardavam que lhes fossem oferecidos pelo Pai Natal.
Havia dois modelos, ou tipos, de carrinhos de pilhas diferentes: os que tinham umas rodas giratórias no chassis, ao centro, e que, quando se ligavam, desatavam a andar de um lado para o outro até encontrarem um obstáculo, posto o que se viravam instantaneamente seguindo noutra direcção, ou ficavam ali a patinar durante breves segundos e lá acabavam por se virar e seguir noutra direcção à sorte até encontrar novo obstáculo. Depois havia outro modelo, ou tipo, mais avançado, mais sofisticado, que tinha um telecomando e que fazia as delícias da pequenada e dos mais velhos também. Este modelo já exigia perícia, treino, técnica e pensamento, atitude intelectual para comandar o carrinho evitando os obstáculos. Mas os choques eram inevitáveis, por mais hábil que fosse o operador, por mais cuidado ou treino que se tivesse. Os carrinhos apanhavam tal velocidade e os obstáculos eram tantos que se tornava impossível impedir que o brinquedo chocasse violentamente contra os móveis ou se despenhasse por uma escadaria abaixo. O carrinho era recolocado na "pista" e a brincadeira retomava com maior vigor e animação...
A crise não é mais que um momento de paragem forçada face a um obstáculo que logo logo será uma miragem que só interessará aos estudiosos do passado. Talvez para perceberem quando e como irá aparecer a nova crise. Mas se prevêem que uma nova crise vai ocorrer está a admitir-se que ela é inevitável como outras o foram, logo, não será o fim do mundo! A crise é, portanto, uma situação, um ponto de mudança, não é uma "coisa" má.
Há uma coisa, sim, muito importante que tem de se ter em mente nos momentos de crise: a humanidade não acaba por uma simples crise económica. Ora, se não acaba só pode sair reforçada, porque ao superar uma dificuldade superamo-nos a nós mesmos. Não é verdade que "o que não nos mata torna-nos mais fortes"?!...
É verdade que muita gente poderá passar por dificuldades, a pior das quais é a falta de alimentos na mesa. Mas isso, meus amigos, não se ultrapassa pensando nos muitos milhões de seres humanos que passam fome no mundo, ou nos milhares que necessitam de alimentos em Portugal. Esse pensamento é nobre mas logo nos remete para o refúgio da cómoda máscara da "inevitabilidade" e consequentemente à inacção.
Mas há algo que podemos (e devemos) fazer: olhar em volta de nós mesmos e tentar perceber se existe um só indivíduo que precise da nossa ajuda. Um só... e ajudá-lo!
Porque crise é tempo de Mudança!
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