terça-feira, 21 de abril de 2009

Pedro D'Orey da Cunha - A Relação Pedagógica - Princípio do Diálogo

9. Princípio do Diálogo

Nem todas as necessidades resultam em conflitos, nem todas as opiniões têm de provocar desavenças, nem todos os sentimentos chocam ou desiludem os outros. Pelo contrário, a partilha de ideias, opiniões e sentimentos é o processo normal de aprofundar a amizade, construir a intimidade e desenvolver esse ingrediente essencial da autonomia que é o estar-se contente consigo próprio e com a sua maneira de ser. Chama-se, correctamente, a esta partilha de ideias e a este vaivém de troca de impressões diálogo. Devia ser ele o ambiente em que normalmente se move a criança na escola e em casa. É quando chega à escola e quer contar logo à professora o presente que recebeu, ou o trabalho novo que o pai arranjou; ou quando caiu e se esfolou e vem logo mostrar à professora; ou quando o menino lhe bateu, ou quando lhe desapareceu o lápis. E, se a professora atenta a estas coisas pequeninas, escuta e aceita a partilha, se ela também se vai exprimindo ao mesmo nível e com a mesma franqueza, então virá a altura em que o que a criança quer é contar o medo que tem à noite quando o pai sai de casa, ou a pena que sente do avô que morre de bronquite, ou a ansiedade que a invade quando o pai briga com a mãe...


Fonte: CUNHA, Pedro D'Orey da - Ética e Educação, Universidade Católica Editora, Lisboa, 1996, p. 67

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