9. Princípio do Diálogo
Nem todas as necessidades resultam em conflitos, nem todas as opiniões têm de provocar desavenças, nem todos os sentimentos chocam ou desiludem os outros. Pelo contrário, a partilha de ideias, opiniões e sentimentos é o processo normal de aprofundar a amizade, construir a intimidade e desenvolver esse ingrediente essencial da autonomia que é o estar-se contente consigo próprio e com a sua maneira de ser. Chama-se, correctamente, a esta partilha de ideias e a este vaivém de troca de impressões diálogo. Devia ser ele o ambiente em que normalmente se move a criança na escola e em casa. É quando chega à escola e quer contar logo à professora o presente que recebeu, ou o trabalho novo que o pai arranjou; ou quando caiu e se esfolou e vem logo mostrar à professora; ou quando o menino lhe bateu, ou quando lhe desapareceu o lápis. E, se a professora atenta a estas coisas pequeninas, escuta e aceita a partilha, se ela também se vai exprimindo ao mesmo nível e com a mesma franqueza, então virá a altura em que o que a criança quer é contar o medo que tem à noite quando o pai sai de casa, ou a pena que sente do avô que morre de bronquite, ou a ansiedade que a invade quando o pai briga com a mãe...
Fonte: CUNHA, Pedro D'Orey da - Ética e Educação, Universidade Católica Editora, Lisboa, 1996, p. 67
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