Neste Dia Mundial da Poupança, ocorreu-me discorrer sobre o seguinte:
Os portugueses têm uma tendência natural para fazer tudo às avessas.
Por exemplo, é prática comum os portugueses pouparem nos momentos de crise. O meu avô diria: Só se lembram de Santa Bárbara quando troveja! Assustados com as dificuldades, e porque verificam que a ausência de reservas económicas lhes pode ser fatal numa crise mais severa, correm ao banco a depositar umas parcas "coroas" que retiram à boca – migalhas.
O problema é que essa atitude não beneficia ninguém – objectivamente falando, claro – salvo o próprio que fica com a consciência mais tranquila. Mas pouco mais ganha, já que a mais que certa subida da inflação a curto prazo lhe irá comer essas parcas migalhas. Pois é de migalhas que se trata, já que são tiradas à boca. Além de que contribui para o agravamento e atrofiamento da economia que se vê privada da circulação de capital.
Quando tem pouco – ou quase nada –, o português poupa, retirando à boca hoje o que irá inevitavelmente gastar amanhã… na Farmácia. Na Farmácia, sim, porque quem tira pão à boca, quando já é pouco, acaba ficando doente. E se o não gastar na farmácia, porque é robusto ou bafejado pela sorte, vai esbanjá-lo alarvemente quando a crise passar e a vida lhe correr melhor. Agora, farto de sentir a barriga colada às costas, desaperta o cinto; come até fartar; engorda até quase rebentar; vai para o ginásio até sufocar e de seguida vai de férias – para fora, onde são mais caras, que isto por cá é para os pindéricos (ou, quem sabe, para dar um ar mais chique à coisa, internacionalizando o ciclo (ou círculo, como alguns lhe chamam)) – armar-se em rico. Ah! e se o dinheiro não bastar, recorre-se ao crédito!
Esquecem-se. Porque os portugueses têm memória curta.
Esquecem-se que a poupança deve ser feita o ano inteiro, com reforços substanciais nos momentos desafogados. Porque a poupança é consumo diferido. Se poupo hoje sem esforço, que tenho mais, consumo amanhã tranquilamente quando a crise me bater à porta.
Por exemplo, é prática comum os portugueses pouparem nos momentos de crise. O meu avô diria: Só se lembram de Santa Bárbara quando troveja! Assustados com as dificuldades, e porque verificam que a ausência de reservas económicas lhes pode ser fatal numa crise mais severa, correm ao banco a depositar umas parcas "coroas" que retiram à boca – migalhas.
O problema é que essa atitude não beneficia ninguém – objectivamente falando, claro – salvo o próprio que fica com a consciência mais tranquila. Mas pouco mais ganha, já que a mais que certa subida da inflação a curto prazo lhe irá comer essas parcas migalhas. Pois é de migalhas que se trata, já que são tiradas à boca. Além de que contribui para o agravamento e atrofiamento da economia que se vê privada da circulação de capital.
Quando tem pouco – ou quase nada –, o português poupa, retirando à boca hoje o que irá inevitavelmente gastar amanhã… na Farmácia. Na Farmácia, sim, porque quem tira pão à boca, quando já é pouco, acaba ficando doente. E se o não gastar na farmácia, porque é robusto ou bafejado pela sorte, vai esbanjá-lo alarvemente quando a crise passar e a vida lhe correr melhor. Agora, farto de sentir a barriga colada às costas, desaperta o cinto; come até fartar; engorda até quase rebentar; vai para o ginásio até sufocar e de seguida vai de férias – para fora, onde são mais caras, que isto por cá é para os pindéricos (ou, quem sabe, para dar um ar mais chique à coisa, internacionalizando o ciclo (ou círculo, como alguns lhe chamam)) – armar-se em rico. Ah! e se o dinheiro não bastar, recorre-se ao crédito!
Esquecem-se. Porque os portugueses têm memória curta.
Esquecem-se que a poupança deve ser feita o ano inteiro, com reforços substanciais nos momentos desafogados. Porque a poupança é consumo diferido. Se poupo hoje sem esforço, que tenho mais, consumo amanhã tranquilamente quando a crise me bater à porta.
Porque já ninguém hoje tem dúvidas de que as crises são cíclicas e inevitáveis, e que, se compararmos a economia e as suas crises com os aviões e as quedas destes – tomando de empréstimo a metáfora ao ilustre Prof. João César das Neves, que esta semana nos brindou com uma agradável palestra subordinada ao tema: "A Situação Actual da Economia Portuguesa" –, de espantar não é que os aviões caiam, de espantar é sim que eles voem.
Então, acrescento eu agora, é necessário que nos munamos com um bom pára-quedas, construido por nós ou, no mínimo, com a nossa supervisão, e não ficarmos à espera que no momento da queda alguém nos dispense um ou nos "deite a mão" em socorro...
É claro que a poupança pode ser feita de múltiplas maneiras. É preciso é ser criativo… e poupar também!...
É claro que a poupança pode ser feita de múltiplas maneiras. É preciso é ser criativo… e poupar também!...
2 comentários:
Análise curiosa. Nunca tinha pensado nisso mas é bem capaz ser verdade.
Obrigado, Ary, antes de mais pelo teu comentário ao meu texto e depois por teres reflectido sobre ele.
Não será propriamente uma análise. É, antes, um texto de opinião, uma reflexão pessoal, que carece de sustentação científica ou fundamentação académica. Uma reflexão suportada exclusivamente pela observação empírica de uma vida de alguém que tem a seu cargo a gestão do único tipo de empresa que nunca, jamais, em situação alguma, pode ir à falência: a Família – uma família numerosa, no meu caso pessoal, o que, seguindo a analogia, se traduz numa Grande Empresa. :-)
Assim sendo, resta-me dizer-te que considero legítima a tua dúvida, e que tudo isto «é bem capaz ser verdade».
Um abraço!
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