terça-feira, 5 de abril de 2011

Aprendo com os meus filhos... até economia

Há dias lamentava-me, perante um círculo de amigos e familiares, da exasperante displicência, falta de profissionalismo e total ausência de sentido de responsabilidade de alguns trabalhadores que nem o momento de grave crise económica e carência de emprego consegue alterar.

Não importa aqui e agora lembrar os múltiplos exemplos que citei. Vou apenas pegar na última frase que proferi antes da intervenção da minha filha mais velha (treze anos) sobre essas minhas palavras.

Referindo-me à má cara e má vontade de alguns empregados de balcão em servir os clientes disse eu: «Até parece que nos fazem um favor em nos servir, parece que não pagamos o que nos servem, parece até, por vezes, que são eles que estão a pagar-nos o que consumimos!»

Foi neste momento que a "pequena economista" sentenciou: «Então, pai, não é difícil que eles pensem que te estão a pagar as coisas, pelo menos em parte. Então, se os empregados ganham 500 € por mês, por exemplo, e o patrão com eles ganha 5 000 € ou mais [subentenda-se lucro], é normal que eles entendam que deviam ganhar pelo menos 1 000 €, para se fazer alguma justiça. Se em vez dos 1 ooo € que deviam ganhar, afinal só ganham metade, então é normal que pensem, quando servem as coisas aos clientes, que com a outra metade estão a pagar uma parte do que os clientes consomem! Assim, não admira que trabalhem insatisfeitos, porque não vêm o seu trabalho recompensado»

É claro que esta intervenção conduziu a desenvolvimentos na tertúlia simultaneamente sérios e hilariantes entre os convivas. Fico-me, no entanto, por este pequeno registo para memória futura. Para que nos possamos rir e, quem sabe, desenvolver mais aprofundadamente esta matéria. Quem sabe se tenho uma verdadeira economista em casa.

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