quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A minha Matrícula

Hoje voltei à Faculdade. Desta vez para me matricular. O ambiente estava mais calmo do que na segunda-feira passada, apesar de já terem começado as aulas dos 2º, 3º e 4º anos (ou talvez por isso, quem sabe).

Mais uma vez me surpreendi com o acolhimento e a solicitude de todos. Claro que quem já lá está há algum tempo e estiver a ler isto dirá/pensará que sou ingénuo, que isto não reflecte a dura realidade do dia-a-dia. É possível que assim seja. Mas ingénuo não sou. É claro que, neste entre tempo, dei uma espreitadela em alguns blogues de actuais alunos da FDUP e li umas coisas. Também falei com alguns estudantes dos quais pude escutar várias opiniões, umas condizentes outras contraditórias. O saldo é francamente positivo. Até porque, na minha idade, a perspectiva das coisas é bem diferente da da maioria dos “meus colegas”. E, afinal de contas, sou um positivista.

Vou aproveitar para lançar um apelo a todos os estudantes que eventualmente leiam este texto (e a esses lhes peço que o transmitam aos seus amigos):

Não tenham vergonha de falar bem e de escrever bem. Deixem o “internetês” para os SMS’s. Utilizem os blogues para debater ideias construtivas. Digam bem dos vossos amigos e/ou colegas, sem qualquer pejo. A maioria dos blogues estão eivados de maledicência e a participação dos “posts” aumenta na proporção directa dessa mesma maledicência, ou seja, parece que quanto pior melhor. Não façam isso; fujam disso; falem bem, não mal; construam, não destruam; tomem iniciativa, apresentem ideias próprias, não se limitem a ficar à espera que o outro diga/escreva qualquer coisa para, depois sim, se apressarem a criticar (pejorativamente).

Criem bons hábitos, hábitos positivos; um bom hábito e positivo é o Hábito da Iniciativa. Porquê?! Porque responsabiliza!

Gostava de poder revelar ao mundo o exemplo de duas jovens que me auxiliaram hoje no preenchimento dos documentos de matrícula. Vendo-me sarapantado – não pela dificuldade, confesso, mas por todo o ambiente que me envolvia, ao qual sou estranho e vou ter que me acostumar – disponibilizaram voluntariamente um pouco do seu tempo para me ajudarem. Não tenho palavras. Fiquei deveras sensibilizado. É desta massa que se faz um país melhor.

Só para rematar, lembro a todos que o individualismo não é profícuo. A partilha, a cooperação, a colaboração essas sim são profícuas.

A propósito desta ideia costumo dizer aos meus amigos, em tom de brincadeira mas muito a sério, que se todos os homens fossem individualistas, não partilhassem, não cooperassem nem colaborassem uns com os outros, desde os primórdios da humanidade, então ainda hoje andaríamos a matar mamutes à pedrada.

Com a vossa colaboração ou não, eu estarei por aqui. Contem com isso.

6 comentários:

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

caro colega,

bem vindo à nossa faculdade, espero que gostes do nosso curso.
quanto ao texto, sinto que é positivo fazeres um balanço positivo :) mas depois de estudares introdução ao direito, vais perceber porque é que ser positivista não é sinónimo de ser uma pessoa positiva.
quanto ao individualismo... desde que o colectivismo não seja imposto, eu estou contigo. no entanto, classifico-me como um individualista, e isso não quer dizer obrigatoriamente importar-se somente com o meu nariz. quer antes dizer que sou eu o único que sabe o que se passa comigo enquanto indivíduo, e eu é que sei o que preciso e quero.
se for minha vontade ser egoísta... se pelo contrário, for um individualista que goste de partilhar ... :)

um abraço, e saudações académicas.

Luís Paulo (Estudante de Direito) disse...

Olá Manuel!

Obrigado pela tua participação… e pela observação do positivismo, também.
Fizeste-me lembrar o meu professor de Filosofia, há alguns anos atrás… as palavrinhas tinham que ser aplicadas com rigor; não há cá meias medidas, mais ou menos ou assim-assim. Claro que tens razão, a expressão correcta, neste contexto seria «sou uma pessoa positiva» mas… atenção, mas, não significa que não seja positivista. Será esta dúvida alvo de um debate futuro se nos apetecer aos dois nem que seja ao balcão de uma taberna.

Confesso que aprecio os requintes dos teus raciocínios e a forma como brincas com as palavras. De facto individualista não é o mesmo que egoísta e talvez fosse esse o termo que eu devia ter utilizado. Mas todos me entendem, incluindo tu. Sei que assim, a brincar, estás a dar o primeiro passo para me ajudares na integração. Aprecio e agradeço-te por isso.

Já reparei, também, que incluíram o meu blogue na lista da Blogosfera FDUP da Sociedade de Debates e possivelmente haverá dedo teu metido nisso. Obrigado.

Sinto que vou sentir-me bem nesta casa. Como já disse, eu trabalho e por esse motivo não sei as dificuldades que me aguardam. No entanto sei que há na FDUP muita gente com muito valor e que me irão ajudar.

Gostei muito da tua visita, Manuel…
Volta sempre!

Hugo disse...

Bati à sorte na porta deste blogue...

Que corra tudo bem nesta nova aventura...

Cumprimentos académicos, mais do que como membro da AE, como novo colega de curso!

Que batas à nossa porta sempre que precisares e que mais do que tirar o curso, saibas andar na faculdade!

Tiago Lima disse...

Muito provavelmente falei contigo (ou consigo, visto que diz ter mais uns anitos e o respeito é muito bonito) nas matrículas. Foi uma semana bastante atarefada para mim e para os demais membros da AE, mas ver de forma tão expressa o agradecimento pela forma como vos recebemos já é mais do que suficiente para que tenha valido a pena o empenho.
Boa sorte para os anos que se avizinham!

Madalena N. Santos disse...

Ali o Manuel teve a mesma reacção que eu, ao cruzar-se com a palavra "positivista" :P

E quanto a matar mamutes à pedrada, até nisso é necessário trabalho de equipa...

Bem-vindo à FDUP!

Luís Paulo (Estudante de Direito) disse...

Caros Colegas!

Alegra-me a vossa participação.

Começo pelas palavras da Madalena pois elas abordam o tema chave do meu artigo. Claro que até para matar mamutes à pedrada é necessário trabalho de grupo. Hoje, pelo menos, assim é… No entanto não te esqueças, Madalena, que a imagem que eu utilizo é para nos reportar a uma época longínqua, em que talvez não fosse muito estranho vermos um só homem matar um mamute à pedrada. Transcrevo a seguir dois excertos da Ilíada, poema épico grego de Homero que narra os acontecimentos ocorridos no período de pouco mais de 50 dias durante o décimo e último ano da Guerra de Tróia, que terá ocorrido provavelmente ente 1300 e 1200 a. C. que nos confirma isso mesmo:

1. «Mas o filho de Tideu [Diomedes] agarrou com a sua mão uma pedra, pesada massa, que não conseguiriam levantar dois homens iguais aos humanos de hoje; ele, porém, brandia-a facilmente e sozinho»



2. «Heitor, esse agarrou e ergueu uma pedra que estava ali diante da porta, larga na base, pontiaguda no topo: dois homens, os mais fortes do povo, teriam dificuldade em carregá-la do chão para um carro, com alavancas – dois homens de hoje, bem entendido -; mas Heitor brandia-a facilmente e sozinho […].
»Heitor deteve-se muito perto e, fincando-se bem, lançou a pedra para o meio da porta, afastando os joelhos, afim de que o seu projéctil não carecesse de força. Ele quebrou os dois gonzos; a pedra caiu no interior, pelo seu peso; a porta bramiu ruidosamente ao redor; as trancas não resistiram; e os painéis, fendidos, saltaram de ambos os lados, sob o choque da pedra.»

Como vez, Madalena, se há cerca de 4300 anos havia homens desta envergadura física não é difícil de conceber outros mais possantes ainda, nos primórdios da espécie humana.

Isto diz-nos o quê? Diz-nos que o homem evoluiu no seu porte físico porque colocou a inteligência ao serviço da força, criando engenhos para facilitar e/ou substituir o esforço humano.

Esta dialéctica evolutiva só foi possível graças a quê?! Graças à transmissão de conhecimentos de geração em geração. E esta, por sua vez, só foi possível à custa de quê?! À custa da partilha, da cooperação e da colaboração.
Portanto, o meu apelo vai no sentido de as pessoas pararem de guardar só para si aquilo que sabem ou têm com o receio que aqueles com quem partilham venham a saber mais que eles. Ora isso é impossível, ou melhor, isso não interessa para nada, já que o que cada um sabe não é importante por si só, o que é importante é a contribuição que cada um pode dar para a evolução da humanidade, colocando os seus conhecimentos ao serviço de todos.

Agora voltando ao Positivismo. Só mais uma palavra me ocorre dizer sobre esta matéria: estou perante jovens que sabem argumentar, questionar e aproveitar os conhecimentos de rigor que o ensino universitário lhes proporciona.

Isto par mim é já motivo de satisfação e orgulho, ao mesmo tempo que me transmite um enorme sentimento de tranquilidade. É que, para além de vosso colega, tenho três filhos e tenho talvez mais do dobro da idade da maioria de vós. Portanto, não estranheis muitas coisas. Uma delas é o meu discurso de “cota”, outra é a falta de rigor nas minhas palavras, já que estive muitos anos afastado dos ambientes da cultura e da excelência. Estou de volta para aprender convosco.
Falo de tranquilidade porquê? Exactamente porque sou uma pessoa positiva, um optimista, que acredita na juventude e não embarca no cruzeiro dos arautos da desgraça, desses “Velhos do Restelo” que um dia ousaram apelidar a geração dos seus filhos (e sublinho seus filhos porque é aos pais que compete educar os filhos) de Geração Rasca. E porque tenho três filhos que amanhã podem estar a ser educados por vós. Se me provais competência, rigor, excelência… fico tranquilo. Atento, mas tranquilo!...

Ao Hugo e ao Tiago agradeço as suas palavras simpáticas e reitero o meu agradecimento pela forma como fui recebido e a sua disponibilidade para me auxiliarem no futuro. Continuem com o vosso excelente trabalho.

Ao Tiago, em particular, mas extensivo a todos quantos lerem este texto, quero dizer que, enquanto estudante, sou igual a todos vós. Apesar de ter mais idade (sei que não sou o único) pretendo ser tratado com toda a naturalidade, portanto o “tu” está muito bem. O respeito, ou a falta dele, tem a ver com outras coisas.

Para terminar convido-vos a visitar o meu outro Blogue , que criei para apoio no Secundário, através do qual podereis conhecer-me um pouquinho melhor. O seu nome é Eclectíssimo e este é o seu endereço: http://eclectissimo.wordpress.com

Obrigado a todos e até breve.