6. O Princípio da Confrontação
Dois pedagogos desenvolveram de modo especialmente eficaz este princípio da confrontação não ofensiva: o Dr. Thomas Gordon e o Dr. William Glasser.
A confrontação sugerida e estruturada por Thomas Gordon refere-se à situação em que o aluno, alegremente ou inconscientemente, tem um comportamento ofensivo ou perturbador dos outros. E o aluno que cheira mal, ou que faz barulho, ou que chega sempre atrasado, ou que perde os livros, ou que faz de palhaço, ou que é insolente. A arte aqui consiste em fazer ver claramente e com indignação o efeito que este comportamento tem em mim ou nos outros, sem nunca cair no insulto ou na humilhação. Vejam a diferença entre estas duas respostas ao aluno que chegou atrasado pela 5ª vez:
– Tu és um desleixado que chegas sempre atrasado! Não tens um relógio em casa?
– Luís, quando chegas atrasado, perturbas a aula, interrompes o que estou a dizer e fico irritado para o resto da aula.
A primeira resposta concentra-se no aluno, humilha-o e abate-o. Provavelmente, o aluno, por vingança, terá vontade de voltar a chegar atrasado. A segunda resposta concentra-se no efeito que a acção do aluno teve, confronta-o com esse efeito e abre-lhe a liberdade de modificar o comportamento. Uma confrontação que dá espaço à autonomia.
A confrontação sugerida e estruturada por Wi1liam Glasser tem em conta a situação em que o aluno alegremente se comporta de modo destrutivo para si próprio e o seu futuro. De novo, a arte consiste em colocar diante do aluno o seu próprio comportamento e os efeitos que poderá ter no futuro, mas sem o humilhar nem se substituir a ele. Confrontação e desafio podem ser contínuos, a propósito das mais pequenas situações, e podem realizar-se tanto individualmente como em grupo. De novo, é uma confrontação que abre o espaço à autonomia.
Fonte: CUNHA, Pedro D'Orey da - Ética e Educação, Universidade Católica Editora, Lisboa, 1996, p. 64
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