quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Correspondência muito curiosa

Enquanto procedia à arrumação da minha (pequena) biblioteca pessoal, na tentativa de arranjar mais espaço para os livros do curso sem ter que comprar uma nova estante, aconteceu que um determinado volume se deteve nas minhas mãos por mais tempo que os restantes. Enquanto o segurava e contemplava a sua capa, dei comigo a viajar no tempo e a recordar as peripécias que a aquisição daquela obra me proporcionara durante os vários anos que a procurei. E como de peripécias trata o próprio livro, rápido dei comigo a recordar algumas delas e a rir como um tolinho. Não tanto, porém, como ri de cada vez que li as proezas ali contadas.

Subitamente, um pensamento me assaltou: esta deve ser uma das obras literárias mais conhecidas mundialmente; consta provavelmente entre os maiores clássicos da literatura mundial; não há português (e aqui tenho a certeza) que não tenha ouvido falar dela e não conheça os traços gerais de pelo menos uma das suas (muitas) aventuras; e no entanto poucos conhecerão algumas das histórias mais significativas e de maior valor simbólico que o autor escreveu.

O excerto que se segue é disso um perfeito exemplo. Talvez por não ter como protagonistas qualquer das personagens centrais, nenhuma das pessoas com quem até hoje falei sobre a obra revelou ter conhecimento deste episódio.

No próximo domingo será disponibilizado aqui um ficheiro em PDF com o texto integral desta curiosa história onde se relatam os antecedentes, os desenvolvimentos e as conclusões, bem como as consequências das atitudes das personagens. Hoje apenas transcrevo a troca de correspondência entre uma jovem esposa e o marido que se ausentou por algum tempo, tendo o cuidado de deixar a protege-la... o seu melhor amigo!

E tudo isto, imaginem, com um único propósito: pôr à prova a castidade da sua jovem esposa.

Até domingo se alguém quiser revelar qual a obra em causa e/ou o título do episódio a que se reporta este excerto, pode fazê-lo usando o espaço de comentários.

Segue-se o excerto da história, que revela:
  1. A missiva da esposa para o marido, após três dias de ausência deste;

  2. O conteúdo da resposta dele para ela;

  3. Os efeitos nela da resposta dele.

[...].
  1. Tem-se por dizer que nem exército sem general, nem castelo sem castelão; e eu digo que ainda há coisa pior que essas duas; e é: mulher casada e moça sem o seu marido ao pé, salvo havendo para isso justíssimas razões. Acho-me tão mal sem vós, e tão fraca para resistir a esta ausência, que, se não vindes depressa, ir-vos-ei esperar em casa de meus pais, ainda que deixe esta vossa sem guarda. A que vós me deixastes, se é que ficou com tal título, creio que olha mais pelos seus gostos, que pelos vossos interesses. Como sois discreto, não tenho mais que vos dizer, nem devo.”

  2. […] Sobremodo alegre de tal mensagem, mandou a [sua esposa] resposta de palavra, que de modo nenhum saísse de casa, porque ele com muita brevidade tornaria.

  3. Admirou-se [a esposa] com tal resposta, e ficou à vista dela ainda mais confusa do que já estava.
  4. [...]

A história completa poderá ser lida a partir do próximo domingo. É uma leitura óptima para aliviar o stress.

Divirtam-se… porque o melhor (já sabem) é aquele que se diverte mais! :)

E como o domingo já passou, aqui fica o link dessa publicação para quem chegar a esta sem ter lido aquela: O Curioso Impertinente


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