Apesar das suas convicções eurocéticas, o Presidente da República Checa, Vaclav Klaus, assinou esta tarde a lei de ratificação do Tratado de Lisboa.
Era inevitável que tal acontecesse. Embora receoso de que “com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa, a República Checa deixará de ser um Estado soberano” o senhor Vaclav Klaus sabe que "não se muda de cavalo no meio do rio". Não que uma decisão dessas se traduzisse no afogamento do povo checo, mas porque lhe acarretaria sérias desvantagens.
Nenhum Estado foi ou é forçado a aderir à UE; ao cabo de meio século de construção europeia julgo ninguém ter dúvidas de qual a meta a atingir: a Constituição Europeia. Não percebo então qual é a dúvida do presidente Checo! Mesmo porque, o Tratado de Lisboa já havia sido aprovado pelo Parlamento daquele país (Câmara Baixa). E, curiosamente, o parlamento é eleito democraticamente pelo povo através de sufrágio universal e directo, ao passo que o Presidente da República Checa é nomeado pelo Parlamento (se as fontes não me traem).
Quanto a mim, o sr. Klaus apenas quis ficar na fila da frente na foto de família.
Conseguiu. Parabéns!
Mais informação em: Euronews.
2 comentários:
ó luís paulo,
agora até me zanguei consigo =)
não, de facto não me zanguei.
mas compreenda lá a posição deste que é dos melhores lideres da república checa de todos os tempos, e dos mais competentes politicos da atualidade, e imagina uma nação, perdida na europa central entre os maiores impérios do continente, que já sofreu a dominação dos austríacos durante quase 400 aos, a dos alemães nazis por quase 10, e a dos russos soviéticos por quase 50, e agora que estão independentes, nem 20 aninhos tiveram para gozar a soberania que andam agora os franceses e alemães e portugueses e companhias a dar de mão beijada.
é óbvio que estão de pé atrás, obres almas.
e o futuro ainda dirá quem, de facto, está certo ou errado.
Ó Manuel,
Quem já estava quase a zangar-se contigo era eu, pois há vários dias que pretendia saber quando ia ser a primeira sessão do Forum Política e Sociedade. Por acaso estás com sorte que o Jacob já tratou de dar essa informação. Safaste-te :)
Quanto aqui à matéria em causa quero dizer-te que tens carradas de razão naquilo que dizes e a leitura que fazes parece-me coerente. No entanto não retira nada ao que eu digo no meu texto. Repara que considero perfeitamente legítima a posição do Sr. Klaus, enquanto homem, fiel às suas convicções, coerente nos valores que defende. Mas o processo está em curso e é irreversível, quer queiramos quer não, e do futuro falaremos no futuro. Ou no futuro-para-além-do-futuro, já que cada futuro é um presente de amanhã em que só é ajuizado avaliar o passado, não o presente.
E recordemos que a República Checa solicitou a sua adesão à UE em 1996 quando o actual Presidente, Vaclav Klaus, era então Primeiro-ministro. Em 1996 (ou antes) julgo que já ninguém tinha dúvidas de que se caminhava para a construção de uma super-nação europeia à imagem dos EUA, com um novo povo, uma nova sociedade e uma nova soberania.
Em suma, a coerência do político impunha a atitude que acabou por ser tomada: a ratificação do tratado; o respeito pelo passado histórico do povo checo e de todos esses elementos que tu pões em destaque impunham cautela e ponderação.
Fazendo jus aos pergaminhos que lhe atribuis, Manuel, o Sr. Klaus tudo conseguiu, por isso está de parabéns.
Ponto sobre a matéria.
Parabéns a ti também pelo novo projecto que estás a desenvolver em colaboração com o Pedro Jacob, a Joana Tinoco, Nuno Temudo Vieira e o Rui Jorge Veríssimo. Refiro-me, claro, ao Forum Política e Sociedade.
Um grande abraço!
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