quarta-feira, 16 de junho de 2010

O Plural Majestático na "Nossa Tese de Mestrado" é obrigatório ou facultativo?

É óbvio que o título deste "Post" é pura pergunta de retórica. Nem eu com isso estou minimamente preocupado. Veio o assunto à liça a propósito de alguns comentários jocosos que se ouvem e se lêem a propósito do uso do Plural Majestático nas teses de Mestrado e Doutoramento.

Confesso que eu próprio, no ano passado, no início do curso portanto, senti curiosidade em ser esclarecido sobre o assunto devido ao uso frequente do Plural Majestático nos livros de Direito Constitucional do nosso mui estimado Prof. Doutor Paulo Ferreira da Cunha. Fui esclarecido e fui-me habituando ao dito recurso literário, ao ponto de a partir de então não conseguir (mesmo em exercícios mentais de leitura) substituir o plural pelo singular. E mesmo quando leio um livro de doutrina jurídica em que a primeira pessoa do singular é utilizada pelo autor (ainda aparece), confesso que não me sabe tão bem como se estivesse escrito no plural, no Plural Majestático como é tecnicamente designado ou no "plural da modéstia" como é também conhecido, ou designado, no meio literário e académico.

E veio hoje, e não ontem, à berlinda porquê?! Porque hoje, ao chegar a casa depois de ter feito esta manhã o exame de Teoria Geral do Direito Civil; depois de ter recolocado nas estantes os livros de estudo da respectiva cadeira; depois de ter retirado das estantes e colocado sobre a minha mesa de trabalho os livros necessários para a preparação do próximo exame, de Direito Administrativo, que é já na próxima quarta feira; depois de me ter sentado confortavelmente e ter respirado profundamente durante alguns segundos; peguei finalmente num dos muitos livros, que abri com toda a delicadeza e pouca motivação (já que estou numa de confissões, pois então cá vai - quanto à delicadeza é só porque eu trato os livros como filhos) e logo na segunda folha, num texto encabeçado pelo título "PREFÁCIO", dizia assim: «Depois da 1.ª edição, em 1986, e da 2.ª edição, em 1994 - ambas com várias reimpressões - do volume I do "meu" Curso de Direito Administrativo, sai agora a 3.ª edição, [...].» (Falo claramente do Curso de Direito Administrativo do Professor Freitas do Amaral). Contudo, é assim apenas no prefácio, já que no texto do Curso, propriamente dito, o Autor já utiliza o Plural Majestático.

E foi aquele "meu" que despoletou este momento ócio-didáctico-pedagógico sobre o Plural Majestático. E se para os meus colegas de curso já nada disto é novidade, o mesmo não acontecerá para centenas de outras pessoas que possam ler este texto. É que, lembro, a minha condição de estudante e trabalhador e músico e pai de três crianças maravilhosas, uma delas em idade escolar, a frequentar o terceiro ciclo do ensino básico, faz com que o universo de potenciais leitores deste espaço não familiarizados com o assunto aumente consideravelmente. Portanto, algum há-de aproveitar a informação. Depois, porque gosto muito de escrever, apesar de não ser um tema de suma importância não me parece que seja totalmente despiciendo.

Mas porque os livros de Direito Administrativo estão já a acotovelar-se uns aos outros, disputando a minha atenção para conseguirem a minha preferência e a prioridade de leitura, vou ter que terminar esta dissertação filosófica e avançar estoicamente para o trabalho.

Termino, pois, disponibilizando dois links com informação complementar sobre a matéria em apreço;

"Nossa Tese de Mestrado" no google;

Plural Majestático no Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.

1 comentário:

catarina disse...

Lembro-me de falarmos sobre isto no ano passado...

gostei da etiqueta...
"plural da modéstia"...

:)