domingo, 30 de janeiro de 2011

Excluindo os juristas, quem melhor conhece os códigos em Portugal?

Muitas vezes interrompo o meu estudo, quando tenho por perto a minha filha mais velha, a Liliana, para conversar com ela sobre algumas matérias ou simplesmente para a ir familiarizando com algum vocabulário mais erudito (técnico ou não).

Esta tarde, enquanto preparava o exame de Direito do Trabalho, encantado que estava com as observações simultaneamente cáusticas e humorísticas do Professor João Leal Amado (cujo manual - Contrato de Trabalho - serve de base ao meu estudo) sobre algumas "pérolas" normativas do actual Código do Trabalho, pousei o livro sobre os joelhos, levantei a cabeça, sorri e pensei em voz alta: «Ora aqui está um par de livros (Manual e Código) que todo o trabalhador que se preze deveria ter em sua casa!».

Não obstante o pensamento lhe não ter sido dirigido, isso não impediu a Liliana de me ripostar da seguinte forma: «Ó pai, achas que alguém quer saber disso para alguma coisa? Quantas pessoas achas que conhecem os direitos delas? A maior parte nem deve saber que isso existe, o código do trabalho! Querem lá saber... quando estiverem à rasca sabem que alguém há-de olhar por elas! A malta quer é jornais de desporto e revistas maria! Códigos do Trabalho! Tens cada ideia pai!»

Depois de conversarmos um pouco mais sobre o assunto, outra ideia me ocorreu: quem, em Portugal, para além dos juristas, conhece melhor os códigos?!

Pensando no Código Penal, quem conhece melhor do que ninguém o Código Penal? É sabido que são os delinquentes. Há até quem diga que o Código Penal é a Magna Carta dos Delinquentes!

E quanto ao Código do Trabalho, quem o conhecerá melhor do que ninguém?! Os trabalhadores já vimos que não são. Então quem?! É óbvio que são os empregadores...

Vá-se lá saber porquê!

1 comentário:

Andreia Silva disse...

Ora aqui está uma questão que tu levantaste e muito bem, não deixando a tua filha de ter razão também.
Muitos dos Portugueses estão mal formatados e cintando as palavras da Liliana, só querem "jornais de futebol e revistas maria"!
Cabe a nós, mais jovens, formatar a visão das gerações seguintes de modo a que estejam mais sensíveis a questões como os direitos dos trabalhadores !

Garota D'Ipanema